Beatas Mártires de Compiegne
No começo da Revolução Francesa em 1789, o Carmelo de Compiégne compunha-se de dezesseis irmãs de coro, três irmãs leigas e duas externas. Madre Teresa de Santo Agostinho, a priora tinha sido eleita em 1786.
Os impactos da Revolução começaram a ser sentidos entre as irmãs de Compiège quando sua jovem noviça, Irmã Constância, foi impedida de fazer sua profissão em 15 de dezembro de l789, por causa de um decreto da Assembléia Nacional proibindo expressamente o pronunciamento de votos religiosos na França. Esta proibição da profissão religiosa marcou o começo de uma complexa corrente de acontecimentos que levou à demissão da comunidade de Compiègne.
Em 4 e 5 de agosto de l790, a Comissão Distrital do Compiègne chegou ao convento para fazer um inventário de todas as suas possessões e interrogar cada uma das irmãs privadamente sobre suas intenções. Todas as irmãs expressaram o desejo de viver e morrer como uma carmelita.
Em setembro de 1972, tudo está perdido para as Carmelitas de Compiègne. Todas as possessões do convento foram confiscadas em 12 de setembro, e, dois dias mais tarde, as irmãs foram forçadas a se retirar. Foram obrigadas a adotar um nome não religioso e não podiam viver mais como uma comunidade. As irmãs divididas em grupos separados moravam em três diferentes endereços, perto da Igreja de Santo Antônio,onde o capelão delas, Abbé Couroube, celebrava a missa para elas.
Em 19 de setembro fizeram o juramento Libertè-Egalité a fim de se capacitarem para receber a pensão do governo revolucionário. Nesta oportunidade a Priora propôs um ato de consagração, pelo qual a comunidade deveria oferecer-se a si mesma por todos os males infligidos à Igreja. Este ato de consagração começou a ser conhecido como voto de martírio da comunidade.
As Carmelitas foram finalmente transferidas para a infame Conciergerie de Paris em 13 de julho de 1794, permanecendo lá por quadro dia, durante os quais elas celebraram a festa de Nossa Sra. do Monte do Carmo. Nesta ocasião, a Irmã Julia de Neuville compôs um hino a ser cantado com a melodia da Marseillaise. No dia seguinte as irmãs compareceram diante do Tribunal Revolucionário de Fouquet-Tinville.
Dificilmente este poderia ser um tribunal. Não havia advogados, nem testemunhas, e não apresentaram nenhuma evidência. As dezesseis irmãs foram taxadas de “fanáticas`” pelo Tribunal e condenadas à morte por atividades contra-revolucionárias.
A Priora pediu ao carrasco o direito de morrer por último, a fim de poder apoiar as suas irmãs. Ela deu a cada uma das irmãs um copo de chocolate. O Ofício dos Mortos foi cantado no caminho do cadafalso, junto com o Miserere, Salve Regina e o Te Deum. Escondido na multidão, padres disfarçados abençoavam as irmãs e silenciosamente pronunciavam a fórmula da absolvição. Aos pés da guilhotina as carmelitas entoaram o Veni Creator renovaram os seus votos. A primeira a morrer foi a noviça Irmã Constance. Finalmente, a priora subiu para a morte com as palavras “O amor sempre triunfará”. Dez dias depois da execução das Carmelitas o Grande Terror terminou.
Cem anos depois, por ocasião do centenário do martírio, os Carmelitas decidiram levar avante a causa da beatificação. O processo começou em 28 de junho de 1896 a pedido do Carmelo de Compiègne, que havia sido restaurado em 1866. A Beatificação veio em 27 de maio de 1906. A história das irmãs Carmelitas de Compiègne exerceu uma grande influência religiosa no século XIX na França. Em setembro de 1896, Monsenhor de Teil falou sobre as mártires de Compiègne no Carmelo de Lisieux, na presença da Irmã Teresa do Menino Jesus. Por mais que tenha sido curta sua vida no Carmelo, esta futura santa era muito devota da memória das mártires de Compiègne.
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